Hoje falei com as paredes
Justifiquei os guardados
Perguntei sobre o que não sei
Respondi as perguntas feitas
Até mesmo aquelas sem respostas
Impregnei-me nas frestas de seu reboque
Como inseto parasita alojei-me
Fiquei incomodado e troquei o estado
De inércia pelo de movimento
Escorreguei-me pela pintura
Manchando as roupas
Por onde a tinta gasta se esbarrou
Desci ao chão
Recostei meu peso no rodapé
Pensei imerso na sua frieza todos os pensamentos
Olhando para o teto branco apoiado sobre a cabeça
Rolei para o chão da amargura
Ao centro do peito corria
Quente a lágrima para o meio da construção
Desrespeitando a mobília e sua quinquilharia
Sentei-me debruçado sobre os dobrados joelhos
Como faz a lavadeira da beira do rio
Fui retratado pelos que voavam à minha volta
Zumbindo aos ouvidos seus boatos
Aboli os moles juízos defensivos
Sinuosamente rastejando
Encaminhei-me a porta de saída
Entreaberta se abriu ao toque de meu queixo
Quando encontrei de pé a razão
Em estado de pompa diante da emoção
Circunstancialmente levantou-me...
Só fica prostrado quem não encontra razão.
Casciano Lopes
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