Aquele pássaro que pousa acolá
O burrico que marcha na feira
Sou eu...
A tempestade que desisti de chover
A nuvem envergonhada do morro
Sou eu...
A luneta que mira o céu
Aquele livro guardado longe
Sou eu...
Um homem colorido
O tapete estampado de voar
Tenho todos os brancos
Todos os pretos
E uma porção de céus
Que forram meu chão
Que mandam meus astros
E que diluem dentro de mim
As lonas do circo
Os tablados das construções
E os assoalhos do passado
Quase uma partitura
Quando durmo maestro
Quando acordo rio
Quando silencio um mar no peito
Guardo as pedras
Da calçada
Da rua de morar
Um menino de letreiros
Cheio de bilhetes
Com questões
Respostas vãs do mundo torto
A letra da futura carta
O carteiro da antiga
Aquela mulher feia da esquina
A pipa desequilibrada do vento
A pressa que não chega
O azeite quase virgem
A cama desfeita escondida
A estação desabitada da madrugada
O trem das cinco
O lanterninha de fazer cinema
A sala quadrada dos pares
A rampa da terra de porteiras
O esculacho da noite
Sou eu...
Simples e composto.
Casciano Lopes
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