Num quarto daquela casa
Escondido e bem guardado
Em um canto empoeirado
Guarda-se de trançado
Um feitio de palha casada.
Naquela casa velha de morar
Guarnecido de verniz
Esquecido que ninguém quis
Já sem tampa e infeliz
Naquele quarto de guardar.
Vive preso na memória
Enjaulado e bem tramado
Feito arquivo embolorado
Com um passado judiado
Sem galeria nem glória.
De ingênuo apelidado
De canto a olhar de soslaio
De confissões vistas em desmaio
Aposentado em algum maio
Agora só um pobre coitado.
Balaio
Recordações em cana, palha, vime, sapé ou cipó
Emaranhado bem feito de guardar sem dó
O que se juntou na vida partilhada ou por si só
No mantimento do passado fechado em nó
Ou no presente museu aberto com ou sem pó.
Balaio.
Casciano Lopes
Na verdade, Poeta Casciano, na passagem por essa vida, somos todos "balaio". Acumulamos em nosso interior tudo que estiver ao nosso alcance: Coisas boas e Coisas não tão boas. No momento da prestação de contas, a nós mesmos, vamos ver o que levamos pra outra jornada. Linda composição de pensamentos e palavras. Parabéns! Um abração!
ResponderExcluir