Tenho carência da máquina de escrever
Tenho falta do corretivo encaixado entre o papel e a letra
Tenho saudade do bloco de notas colorido [quase sempre azul]
Mensalmente comprado na papelaria, ir buscá-lo era um evento
Tenho lembranças frescas da tinta da caneta de ponta fina [preta]
Ainda hoje o cheiro da mesinha me entontece
Onde delicadamente descansava uma xícara de café vaidosa
Que astutamente perfumava o som partido de um gravador de fitas k7
Na lixeira de madeira, amassados papéis me diziam que eu podia errar
E o que era aprovado pela máquina, como música datilografada
Naquele som gostoso de quando se rolava o final do papel
Vinha com cheiro daquilo tudo, tinha o 'em torno'... cada elemento.
Hoje... a "modernidade" não me traz o perfume desse tempo
Não me deixa cometer erros, deixa distante: eu, a carta e a poesia
E muitas vezes, o que escrevo vem das ausências.
Casciano Lopes
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