À espera da prosa, coisa de roça
Por testemunha o capim e o gado
Por traz da vista a pequena palhoça
A hora que passa e eu ali parado
O burro cansado preso à carroça
Penso de cá 'já está acostumado'
Enquanto reparo o lombo que roça
O algoz canivete bem afiado
Só faz pensar e a barba que coça
Trono não passa de banco e enfado
Caipira é silêncio fluindo na choça
Então pensamento dá gosto à palha
Aberta, estirada e bem alisada
O fumo começa a ouvir da batalha
E a faca amolada a dar navalhada
A boca se enche que a voz até falha
Suor tem saudade e faz salivada
O tempo decorre a tardinha que talha
E a cena parece na escada pregada
Na madura palma o cheiro espalha
Farelo de rolo e tarefa acabada
Esmiúça e ajeita como quem malha
E lambe a que lambe a alma lavada
A chama da binga azulada não falha
E logo a fumaça parte enevoada...
Dita sagrada deixa e entalha -
Eu junto ao Avô - na história passada.
Casciano Lopes
E logo a fumaça parte enevoada...
Dita sagrada deixa e entalha -
Eu junto ao Avô - na história passada.
Casciano Lopes
Imagem:
Caipira Picando Fumo (1893) - Almeida Junior
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