17.8.23

Quase homem, quase árvore

Ontem a floresta estava fechada, ontem fiz caminhos em que os arbustos tatuaram minhas pernas, ontem os seixos calçaram meus pés e nos calos, mostraram um jeito e o regato encontrado tratou das marcas.
Hoje, em planície e entre os altos relevos, descubro que ainda corre na pele dura a dureza da mata, mas também seus verdes enfeitados de feras e sua respiração em névoa branca e úmida, me respira e inspira.
À noite, conto pro que me cerca e pro lugar onde planto a planta de meus pés, que amanhã, se vier e houver, algo meio homem e meio árvore se deitará pra crescer a fauna e a flora de caminhos feitos na direção da reverência, de quem sabe que a vida não mata, o que mata é não viver.

Casciano Lopes


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