19.1.24

Os fins justificam os meios?

Somos inteiros; início, meio e em processo de finalização.
Somos o que falamos ontem e o que falaremos hoje.
Somos o que fizemos na década passada e o que faremos na próxima... se houver.
Somos a birra da infância e a intolerância da velhice.
Somos cheios de passado que não se apaga, de presente feito de tempo acontecendo e de ambição por um futuro sem promessa de ser tempo.
Somos...
Ontem e hoje
Realidade e pose
Claro e escuro
Casto e impuro
Noite e dia
Poesia e lata vazia
Carroça e jumento
Paz e tormento.
Um conjunto indivisível de textos, contextos e pretextos com silêncios no meio, uma indizível obra que a gente passa a vida tentando vender como um sucesso de edição, sem saber que a morte pede conta, não dos volumes vendidos e sim, do que fizemos daqueles encalhados em nossas prateleiras.
Somos aquela dissertação que fica verdadeira na boca do espelho que nos viu e que talvez destoe da nossa palavra que viu o espelho.
Justifica?

Casciano Lopes

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