23.7.24

A gente abre mão

Do que dói porque fica rouco, do que não chega porque deixa louco, de tudo o que nos faz pouco, num mundo onde a demora nos torna uma espera do tudo e pirraça a alegria... A gente abre mão dos danos, da tristeza em nome de tudo o que pode ser, e pode!
A gente pode fazer dos anos uma chegada, uma estadia dentro da gente... A gente pode polir os arranhões da nossa mobília enquanto descobre aquilo que nunca deixa de dar voz, nem tão pouco de lustrar nossa durável esperança do que não se abre mão; nossa capacidade de ser, de morar na gente; não na vontade, mas na possibilidade da descoberta do quanto vale o que se gasta, do que nos gasta... Tempo não se abre mão.

Casciano Lopes

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