16.7.24

Pés no chão

O chão se estendeu diante dos meus pés e eu o percebi na pisada, mais duro que de costume. Senti nas passadas um incômodo nos calcanhares, um desconforto entre os pododáctilos gerou mais dureza na viagem.
De maneira que caminhei metros e sentei pra repousar intervalos de profunda vontade de voltar, não fosse extensa a estrada de volta, teria voltado, mas dos quilômetros que faltavam não sabia e os percorridos conhecia... segui.
Ainda sigo na empreitada dos passos, precisei e ainda preciso aliviar o peso da bagagem em cada pausa que faço, embora a poeira do caminho tenha encerado meus olhos há milhas, por acreditar nas varandas sombreadas de guardar corpo cansado, sigo.
E acreditando em milagres e outros acasos, costuro meus casos em cada palmo da linha que liga meu homem passado ao do futuro, do que pensei de mim e no que me tornei, do que caminhou as descrenças da paisagem e que, agora, busca a crença debaixo das árvores onde sua o repouso dos viajantes.

Casciano Lopes

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