27.1.25

Células que vi

Não sei em que momento, em que fase da lua, se na beira de sol que clareava a rua que nasci, se no fim do lamento que meu dia fazia cada vez que dormia pra chegar a noite, se em cada ano que surgia, enquanto outro findava pra dizer que eu envelhecia... não sei.
Não sei onde deixei o sonho ter mais tamanho que o miúdo acontecimento da minha pele, que esticava pra caber o corpo que crescia, e que todo dia, sepultava partes. Mas que todo dia sonhava pra ensinar nascer de novo o dia, outra pele, outro pedaço de corpo, pra morrer outra noite e outro dia... tudo se repetia.
Ainda hoje é assim, nasço todo dia cedo pra dar tempo de sonhar bastante antes de nascer a noite, quando dorme em mim a criança que vi nascer, porque crianças dormem todo dia.

Casciano Lopes

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