Quatro por quatro...
Pode ser um compasso,
Pode ser um confronto,
Pode ser tração,
Pode ser um quadrado,
Pode ser um quarto...
O que prefiro;
Para dividir com quatro mãos
E quatro pés entrelaçados,
A atração onde
Quadrados se encaixam,
Em um confronto de compassos...
Um "de" quatro por quatro.
Casciano Lopes
30.10.11
28.10.11
Primavera noturna
A noite começa correr,
Vai adentro,
Vem de fora,
Vem entrando,
Botando pra fugir,
A luz do dia,
Trocando por lua
Meu miúdo coração
E florindo um jardim
Que penso ter.
Casciano Lopes
Vai adentro,
Vem de fora,
Vem entrando,
Botando pra fugir,
A luz do dia,
Trocando por lua
Meu miúdo coração
E florindo um jardim
Que penso ter.
Casciano Lopes
Sextando
Houve um tempo
Em que as sextas
Não eram apenas
Não era o fim
Não eram só feiras.
Casciano Lopes
Em que as sextas
Não eram apenas
Não era o fim
Não eram só feiras.
Casciano Lopes
Água da vida
A vida é um simples portaló
Como a água que brota só
Que desliza e corre sem dó
Reta, curva, junta sem nó
Abundante, limpa, uma mó.
É água do mar que embala
Calma aqui e revolta acolá
Salgada, profunda a dala
Azul, verde, turva ou opala
Morada de náufrago que cala.
Precisa-se tão somente...
Boia presente
Descrença ausente
Prudência expoente
Alma coerente
E um bocado de sangue corrente.
Casciano Lopes
Como a água que brota só
Que desliza e corre sem dó
Reta, curva, junta sem nó
Abundante, limpa, uma mó.
É água do mar que embala
Calma aqui e revolta acolá
Salgada, profunda a dala
Azul, verde, turva ou opala
Morada de náufrago que cala.
Precisa-se tão somente...
Boia presente
Descrença ausente
Prudência expoente
Alma coerente
E um bocado de sangue corrente.
Casciano Lopes
26.10.11
Necessária
Não precisa ser grande
Não tem que ser extra
Não deve ser roubada
Pode ser pequena...
A tal felicidade.
Casciano Lopes
Não tem que ser extra
Não deve ser roubada
Pode ser pequena...
A tal felicidade.
Casciano Lopes
19.10.11
A lavadeira de 79
Lá no fundo daquela casa
De madeira envelhecida
De assoalho guarnecida
Deixada para trás em 79
Havia uma madeira alva
Um pedaço de floresta
Da vista só uma aresta
Deitada sobre um toco
Tinha nome de batedor
Ao lado tinha uma lata
De 20 litros queimada
Ao fundo era só pasto
Antes guardava a banha
Por seus gravetos apoiada
Em cinzas se via a danada
Com mania de chaminé
Eu pequeno me recordo
Das roupas ali cozidas
Com remendos e vencidas
Que ainda eram espancadas
Na tábua de bater roupas
O som produzia alarde
Isso era toda a tarde
Trazendo ritmo a cantiga
Que cantava a lavadeira
E a roupa de roça fervia
Que depois a grama vestia
De roupa simples batida
No terreirão ou no portão
Enquanto o sol quarava
Ao largo o sapo passava
Da casa eu pequeno assistia
O calor fazia a função
A roupa surrada farpada
No arame dependurada
Em anil secava na brisa
E a cerca de remendos então
Cumpria seu papel fadado
Protegia o menino, o gado
Minha mãe e a vida de fazenda.
Casciano Lopes
De madeira envelhecida
De assoalho guarnecida
Deixada para trás em 79
Havia uma madeira alva
Um pedaço de floresta
Da vista só uma aresta
Deitada sobre um toco
Tinha nome de batedor
Ao lado tinha uma lata
De 20 litros queimada
Ao fundo era só pasto
Antes guardava a banha
Por seus gravetos apoiada
Em cinzas se via a danada
Com mania de chaminé
Eu pequeno me recordo
Das roupas ali cozidas
Com remendos e vencidas
Que ainda eram espancadas
Na tábua de bater roupas
O som produzia alarde
Isso era toda a tarde
Trazendo ritmo a cantiga
Que cantava a lavadeira
E a roupa de roça fervia
Que depois a grama vestia
De roupa simples batida
No terreirão ou no portão
Enquanto o sol quarava
Ao largo o sapo passava
Da casa eu pequeno assistia
O calor fazia a função
A roupa surrada farpada
No arame dependurada
Em anil secava na brisa
E a cerca de remendos então
Cumpria seu papel fadado
Protegia o menino, o gado
Minha mãe e a vida de fazenda.
Casciano Lopes
Os terreiros
No som que atinge templos ancestrais
São Jorge ilumina e anuncia os quintais
A pele desfila sua cor toda em branco
E o povo agora já tem nome de santo
Vem guri, preto velho, moça alegre e pajé
Em meio a alecrim, arruda e guiné
Torna-se real barracão e coroa
Espada em punho luta até na garoa
Vestido em cores rodopia no lúdico
O banho de cheiro encontra seu súdito
O atabaque chama o moreno que senta
Seu som busca o menino que inventa
A terra batida já caminha sozinha
Colares e fitas desfila a velhinha
Enquanto os pés afirmam uma fé
As mãos acompanham o batido do pé
Mães e pais abençoam o povo que pede
E a África povoa o que já não se mede.
Casciano Lopes
São Jorge ilumina e anuncia os quintais
A pele desfila sua cor toda em branco
E o povo agora já tem nome de santo
Vem guri, preto velho, moça alegre e pajé
Em meio a alecrim, arruda e guiné
Torna-se real barracão e coroa
Espada em punho luta até na garoa
Vestido em cores rodopia no lúdico
O banho de cheiro encontra seu súdito
O atabaque chama o moreno que senta
Seu som busca o menino que inventa
A terra batida já caminha sozinha
Colares e fitas desfila a velhinha
Enquanto os pés afirmam uma fé
As mãos acompanham o batido do pé
Mães e pais abençoam o povo que pede
E a África povoa o que já não se mede.
Casciano Lopes
16.10.11
À mostra
Quando roxo
Esconde lilás
Faz marrom
Fugindo do bege
Pinta vermelho
Amordaçando o pálido
Chega de branco
Enegrecendo aos poucos
Só põe preto
Se lhe falta rosa...
Solitário.
Casciano Lopes
Esconde lilás
Faz marrom
Fugindo do bege
Pinta vermelho
Amordaçando o pálido
Chega de branco
Enegrecendo aos poucos
Só põe preto
Se lhe falta rosa...
Solitário.
Casciano Lopes
Colorido riso
Riso... como ri...
Quando se ia
Quando se vinha
Quando se ria
Quando se via
Rindo se esvaindo
Saindo
Indo
Vindo
Sorrindo
O palhaço
Em tintas se coloria
Amedrontando rindo
A dor que já não doía.
Casciano Lopes
Quando se ia
Quando se vinha
Quando se ria
Quando se via
Rindo se esvaindo
Saindo
Indo
Vindo
Sorrindo
O palhaço
Em tintas se coloria
Amedrontando rindo
A dor que já não doía.
Casciano Lopes
Velhos tempos
Os anos que passam
Curtem o velho vinho
Bebem o antigo homem
Recobram memórias
Refazem os dias
Relembram amores
Refazem caminhos;
Na taça das décadas
Em sinuosas escadas
O passado se esfola
Sangrando saudade
Dos tempos de escola.
Casciano Lopes
Curtem o velho vinho
Bebem o antigo homem
Recobram memórias
Refazem os dias
Relembram amores
Refazem caminhos;
Na taça das décadas
Em sinuosas escadas
O passado se esfola
Sangrando saudade
Dos tempos de escola.
Casciano Lopes
14.10.11
Medo... O personagem
O medo é um cidadão desonesto
Afana o que não lhe pertence
Sonega só o que lhe convém
E omite dizendo mentiras
À mente covarde de quem acredita.
Casciano Lopes
Afana o que não lhe pertence
Sonega só o que lhe convém
E omite dizendo mentiras
À mente covarde de quem acredita.
Casciano Lopes
Galhos e raízes
Caiu a tarde sem pressa
Como um outono qualquer
Esvaiu-se em folhas
Restando raízes na noite.
Casciano Lopes
Como um outono qualquer
Esvaiu-se em folhas
Restando raízes na noite.
Casciano Lopes
Paisagem da varanda
Lá no alpendre
Da velha casa
Onde cachimbos
Não cospem mais
Onde o gado
Já não chega à porta
E onde compadres
Se esqueceram de voltar
Há uma paisagem
Feita artista
Natureza morta
Que a tarde trouxe
Acompanhada de uma dor
Sem água na lágrima...
Seca.
Casciano Lopes
Da velha casa
Onde cachimbos
Não cospem mais
Onde o gado
Já não chega à porta
E onde compadres
Se esqueceram de voltar
Há uma paisagem
Feita artista
Natureza morta
Que a tarde trouxe
Acompanhada de uma dor
Sem água na lágrima...
Seca.
Casciano Lopes
Lapela
A flor que brota em desalinho
Que desabrocha a beira do caminho
Veste vinho
Põe marinho
No noivo vestido de linho.
Casciano Lopes
29.9.11
O balanço
Em todo caminho
Há um tanto de vida
Outro tanto de cores
Somado a um tanto de poesia.
Casciano Lopes
Há um tanto de vida
Outro tanto de cores
Somado a um tanto de poesia.
Casciano Lopes
Noite contábil
Fim de tarde... De mais um dia...
Hora de somar os ventos
Para ver se forma tempestade.
Casciano Lopes
Hora de somar os ventos
Para ver se forma tempestade.
Casciano Lopes
28.9.11
Locomoção
Veio esfregando
Como lavadeira
Seu chão de trilhos
Veio rebolando
Como vedete
Seu corpo longo
Veio chegando...
Suspirando cansado
Expirando ar quente
Abrindo e cerrando
Portas e bocas
Comendo e vomitando
Gente e um trem de ilusão.
Casciano Lopes
Como lavadeira
Seu chão de trilhos
Veio rebolando
Como vedete
Seu corpo longo
Veio chegando...
Suspirando cansado
Expirando ar quente
Abrindo e cerrando
Portas e bocas
Comendo e vomitando
Gente e um trem de ilusão.
Casciano Lopes
É difícil
Tanta dureza nas formas
Frieza nos alicerces
Amontoado de concreto
Ferros e esquadrias
Exposto em vidraças
Imposto em andares
Endurecida vista vertical
Embrutecida paisagem
Eleva-se sobre os pisos
Onde deitam-se ladrilhos
Frio mármore e seu povo
Em suas paredes pastilhas
Remodelam bandeiras
Trêmulas bandeirolas
Do capitalista e seu capital.
Casciano Lopes
Frieza nos alicerces
Amontoado de concreto
Ferros e esquadrias
Exposto em vidraças
Imposto em andares
Endurecida vista vertical
Embrutecida paisagem
Eleva-se sobre os pisos
Onde deitam-se ladrilhos
Frio mármore e seu povo
Em suas paredes pastilhas
Remodelam bandeiras
Trêmulas bandeirolas
Do capitalista e seu capital.
Casciano Lopes
O desconhecido
Seja quem for
Tem que trazer
Franqueza na alma
Alegria na carne
Perfume nos olhos
E liberdade nas mãos.
Casciano Lopes
Sempre vale
Já tive na vida...
Decepções, angústias, gratas surpresas
Saudade, fobias, alegrias
Medo de chuva, vontades, insônia
Tristezas profundas e rasas descrenças.
De tudo...
Valeu a pena estar vivo
Para ser quem sou,
Acreditar no que construí
E levar adiante aquilo que penso,
O que escrevo
E o que está por vir.
Casciano Lopes
Decepções, angústias, gratas surpresas
Saudade, fobias, alegrias
Medo de chuva, vontades, insônia
Tristezas profundas e rasas descrenças.
De tudo...
Valeu a pena estar vivo
Para ser quem sou,
Acreditar no que construí
E levar adiante aquilo que penso,
O que escrevo
E o que está por vir.
Casciano Lopes
Manifesto
A religião está dentro de nós
Os templos existem apenas
Para interesses capitalistas
E sustentação de uma falsa moralidade
Apregoada por uma sociedade hipócrita
Igualmente sustentada por um Estado demagogo.
Casciano Lopes
Os templos existem apenas
Para interesses capitalistas
E sustentação de uma falsa moralidade
Apregoada por uma sociedade hipócrita
Igualmente sustentada por um Estado demagogo.
Casciano Lopes
Um navegante
Navegando como quem acredita
Que abaixo das águas e sobre elas
Existe um mar de pessoas incríveis
Desconhecidas de minha poesia.
Casciano Lopes
Que abaixo das águas e sobre elas
Existe um mar de pessoas incríveis
Desconhecidas de minha poesia.
Casciano Lopes
Graça compartilhada
Em toda a graça há sempre
Uma porção de generosidade
E nela uma pitada
De amor humano.
Nesse amor encontramos tanto!
Tanto a razão
Quanto a emoção de existir
E na efêmera existência
Motivos mil para compartilhar
A importância de ter
E fazer amigos.
Casciano Lopes
Uma porção de generosidade
E nela uma pitada
De amor humano.
Nesse amor encontramos tanto!
Tanto a razão
Quanto a emoção de existir
E na efêmera existência
Motivos mil para compartilhar
A importância de ter
E fazer amigos.
Casciano Lopes
"Brasil, mostra a tua cara!"
Até quando este país e sua gente
Tolerará a ignorância de alguns
E a intolerância de outros tantos?
Será em nome de uma lei falida,
De uma moral hipócrita
E de uma religião financiada
Por seus crimes brancos?
Casciano Lopes
Tolerará a ignorância de alguns
E a intolerância de outros tantos?
Será em nome de uma lei falida,
De uma moral hipócrita
E de uma religião financiada
Por seus crimes brancos?
Casciano Lopes
16.9.11
Vestido sem querer
Vestiu com desinteresse
Seu terno azul
Com que desinteresse vestiu-se!
O corpo furtava-se do desejo
De vestir
De calçar
De ir...
Calçara o sapato preto
O que mais gostava
Portanto menos usava
Com que dificuldade
O vestiu...
Guardava-se como boneco
Para o desconhecido
Para o gelado caminho
Alinhado como para festa
Que não queria ir.
Empalideceu-se todo
Numa rigidez medrosa
Em prece nervosa
De destino vestido de azul
Para onde não queria ir.
Levaram-no obrigado
Deitaram-no incomodado
Fecharam-no numa caixa
E ainda jogaram terra
Por cima do desabrigado.
Agora desabrigado.
Casciano Lopes
Seu terno azul
Com que desinteresse vestiu-se!
O corpo furtava-se do desejo
De vestir
De calçar
De ir...
Calçara o sapato preto
O que mais gostava
Portanto menos usava
Com que dificuldade
O vestiu...
Guardava-se como boneco
Para o desconhecido
Para o gelado caminho
Alinhado como para festa
Que não queria ir.
Empalideceu-se todo
Numa rigidez medrosa
Em prece nervosa
De destino vestido de azul
Para onde não queria ir.
Levaram-no obrigado
Deitaram-no incomodado
Fecharam-no numa caixa
E ainda jogaram terra
Por cima do desabrigado.
Agora desabrigado.
Casciano Lopes
27.8.11
Da vida
O botão amarelo
Seguido do verde
Tecido em flagelo
Estampa de rede
Tinha o descaminho
Do tempo tão gasto
Puindo colarinho
Deixando seu rastro
Mudando sua forma
Caia o vestido
Quebrando a norma
Do corpo perdido
A bainha desfeita
E casa roubada
Com manga imperfeita
Da etiqueta arrancada
O botão de rosa cara
Brotada em desalinho
Veste de forma rara
Seu vestido de armarinho
Passeia em equilíbrio
De prece o seu tecido
Esperando o ébrio
Ou vinho envelhecido
No corpo esguio
Da rua fada
Uma esmerada... esmeril
Da vida alada.
Casciano Lopes
Seguido do verde
Tecido em flagelo
Estampa de rede
Tinha o descaminho
Do tempo tão gasto
Puindo colarinho
Deixando seu rastro
Mudando sua forma
Caia o vestido
Quebrando a norma
Do corpo perdido
A bainha desfeita
E casa roubada
Com manga imperfeita
Da etiqueta arrancada
O botão de rosa cara
Brotada em desalinho
Veste de forma rara
Seu vestido de armarinho
Passeia em equilíbrio
De prece o seu tecido
Esperando o ébrio
Ou vinho envelhecido
No corpo esguio
Da rua fada
Uma esmerada... esmeril
Da vida alada.
Casciano Lopes
22.8.11
Auto retrato
Poeta sim, homem de bem
Do bem quero o poético ser
E da poesia a razão para viver
Sem pressa e percorrer sem dor
Cada linha
Cada tinta
E cada homem.
Casciano Lopes
Do bem quero o poético ser
E da poesia a razão para viver
Sem pressa e percorrer sem dor
Cada linha
Cada tinta
E cada homem.
Casciano Lopes
16.8.11
Acidente em curso
Fere sem lâmina a que perde o fio
Corta sem cortante a que perde a linha
Busca sem mapa a que se perde no vento
Rola sem queda a que desce as pedras
Desce sem pedras a que cai da fonte
Rompe sem nó a que estica o verbo...
A que brota fermentada
Feito palavra maldita
Palavra ao vento.
Casciano Lopes
Corta sem cortante a que perde a linha
Busca sem mapa a que se perde no vento
Rola sem queda a que desce as pedras
Desce sem pedras a que cai da fonte
Rompe sem nó a que estica o verbo...
A que brota fermentada
Feito palavra maldita
Palavra ao vento.
Casciano Lopes
12.8.11
Duzentas
Poderia ser:
Duzentas moedas de prata
Duzentas de ouro
Duzentas viagens inéditas
Duzentas formas de dizer obrigado
Duzentos ídolos revividos
Duzentos filhos nascidos
Duzentos amanhecidos e vivos
Duzentos pontos de partida
Duzentas plataformas de chegada
Duzentas boas idéias
Duzentas...
Duzentas...
É um pouco de tudo isso
Duzentas publicações
Duzentas badaladas deste sino
Demais...
As primeiras de mais
Demais...
De mais duzentas que virão.
Casciano Lopes
Sul seu
Surreal é o tempo ser marcado no teu suor
Contar as gotas para se acabar o gozo
É medir as horas por gemido
É colher o sémen em segundos
Enquanto cai no céu de tuas pernas
O inferno de meu cheiro deitado
É viver anos de sequidão
Em momentos de teus cabelos molhados
É podar teus pelos nos dentes
Para depois remendar
Para metrar as semanas futuras
E embebedar-me na tua saliva safada
Para não ver a noite passar
Para esquecer os ponteiros surreais
De um prazer sem relógios
Sem tempo de passar
Sem bússola de norte e sul
E por assim ser
Ficar em seu sul, como se o norte fosse.
Casciano Lopes
Contar as gotas para se acabar o gozo
É medir as horas por gemido
É colher o sémen em segundos
Enquanto cai no céu de tuas pernas
O inferno de meu cheiro deitado
É viver anos de sequidão
Em momentos de teus cabelos molhados
É podar teus pelos nos dentes
Para depois remendar
Para metrar as semanas futuras
E embebedar-me na tua saliva safada
Para não ver a noite passar
Para esquecer os ponteiros surreais
De um prazer sem relógios
Sem tempo de passar
Sem bússola de norte e sul
E por assim ser
Ficar em seu sul, como se o norte fosse.
Casciano Lopes
Aparando
Como no deserto o sol
Na areia o caranguejo
No mangue a lama
Cuide...
Beduíno tem camelo
Mate a sede!
Preserve o que bebe
Amamente o que mama
Corte o que cresce
Amole a que caça
Cuide...
Todo o colorido se faz
Tela e aquarela
Diferentes e essenciais
A vida... Cuide...
Se beduíno... Alimente
Se camelo... Bebe.
Casciano Lopes
Na areia o caranguejo
No mangue a lama
Cuide...
Beduíno tem camelo
Mate a sede!
Preserve o que bebe
Amamente o que mama
Corte o que cresce
Amole a que caça
Cuide...
Todo o colorido se faz
Tela e aquarela
Diferentes e essenciais
A vida... Cuide...
Se beduíno... Alimente
Se camelo... Bebe.
Casciano Lopes
O beijo
É quente como pão de forno caseiro
Passageiro como chega e vai
Eterno como certa é a morte
Começa no encontro e foge criminoso
Termina onde anda o deserto mordido
Anda perfumando o outro de vermelhidão
Entorta a visão dentro das bolsas cerradas
Saliva o gosto desconhecido e reconhece
Mancha a roupa se prolonga
Se principia, não tem fim... O beijo
Ardida necessidade
Acudida a hora em que acontece
Mira bem fazendo mirabolante a sensatez
Insensatos lábios
Avermelha o céu enlouquecendo os badalos
Enrouquecendo os sinos
Desafinando cordas e respiração.
O beijo.
Casciano Lopes
Tardinha
A tarde fria
Transcorria
Ele dizia e ria
Enquanto ela
Sofria e chovia
A tarde fria
Chovia porque sofria
Porque ele sorria e dizia
Que embora ia
Porque a tarde fria
Doía e pedia.
Casciano Lopes
Transcorria
Ele dizia e ria
Enquanto ela
Sofria e chovia
A tarde fria
Chovia porque sofria
Porque ele sorria e dizia
Que embora ia
Porque a tarde fria
Doía e pedia.
Casciano Lopes
11.8.11
Tempos modernos
Da Ásia as Américas,
Das latitudes as longitudes,
Do oriente ao ocidente,
Do Oiapoque ao Chuí,
Dos trópicos aos polos,
O que importa é desbravar
O coração de um homem...
Cada vez mais solitário,
Ensimesmado,
Catatônico,
Meditabundo,
Sorumbático.
Um coração capitalizado
Por tempos monetários,
Globalizado na velocidade,
Regido por pixels, bytes,
Tempos da "nano"...
Pequena ficou a capacidade
De sentir as estações,
De medir as horas pela janela,
De sentir o amigo de perto,
De dividir a lenha
Numa fogueira de inverno.
Desbrave como bravo,
Os campos dos seres,
A vizinhança desconhecida,
O outro lado da rua,
O estranho da janela amarela,
Ao invés das janelas do office de sua mesa fria.
Casciano Lopes
Das latitudes as longitudes,
Do oriente ao ocidente,
Do Oiapoque ao Chuí,
Dos trópicos aos polos,
O que importa é desbravar
O coração de um homem...
Cada vez mais solitário,
Ensimesmado,
Catatônico,
Meditabundo,
Sorumbático.
Um coração capitalizado
Por tempos monetários,
Globalizado na velocidade,
Regido por pixels, bytes,
Tempos da "nano"...
Pequena ficou a capacidade
De sentir as estações,
De medir as horas pela janela,
De sentir o amigo de perto,
De dividir a lenha
Numa fogueira de inverno.
Desbrave como bravo,
Os campos dos seres,
A vizinhança desconhecida,
O outro lado da rua,
O estranho da janela amarela,
Ao invés das janelas do office de sua mesa fria.
Casciano Lopes
Eles
Um dia alguém parou...
Pensou fazer,
Pensou doar,
Se dar.
Pensou poder,
Querer,
E ser.
Examinou-se...
Viu-se capaz,
Por vezes incapaz,
Mas quis,
Querendo fez.
A capacidade
Brotou com o fruto,
O amor veio no olhar,
A certeza do poder
Morou sempre no lar,
No suor teve a alegria
Só encontrada no balanço,
E na madrugada achou força
Para ver o primeiro riso,
O primeiro choro,
Para ler a primeira letra,
E ouvir o primeiro discurso,
Onde se fundiram um dia...
A integridade ensinada e a aprendida,
A lealdade doada e a alcançada,
O caráter plantado e o colhido.
Fundiu-se...
O homem e o pai.
Resultando num filho apaixonado
Pelo homem que um dia pensou poder ser...
PAI.
Casciano Lopes
Pensou fazer,
Pensou doar,
Se dar.
Pensou poder,
Querer,
E ser.
Examinou-se...
Viu-se capaz,
Por vezes incapaz,
Mas quis,
Querendo fez.
A capacidade
Brotou com o fruto,
O amor veio no olhar,
A certeza do poder
Morou sempre no lar,
No suor teve a alegria
Só encontrada no balanço,
E na madrugada achou força
Para ver o primeiro riso,
O primeiro choro,
Para ler a primeira letra,
E ouvir o primeiro discurso,
Onde se fundiram um dia...
A integridade ensinada e a aprendida,
A lealdade doada e a alcançada,
O caráter plantado e o colhido.
Fundiu-se...
O homem e o pai.
Resultando num filho apaixonado
Pelo homem que um dia pensou poder ser...
PAI.
Casciano Lopes
1.8.11
Conhecendo-te
Todo frio, corrente e seu ar
Toda nublada, nuvem e sua tarde
Todo o medo, vento e seu algoz
Não ofuscam e nem aplacam...
Os acordes de tua voz
A sinfonia de teu tempo
A pele de tuas palavras
E a melodia de tua existência.
Casciano Lopes
Toda nublada, nuvem e sua tarde
Todo o medo, vento e seu algoz
Não ofuscam e nem aplacam...
Os acordes de tua voz
A sinfonia de teu tempo
A pele de tuas palavras
E a melodia de tua existência.
Casciano Lopes
28.7.11
Hipocrisia
Em nome Dele
Se diz amém
Se pede alento
Se mede além
Se nega intento.
Em nome Dele
Se fere alguém
Se exclui querendo
Se ama ninguém
Se deixa o remendo.
Tolo céu...
Tola terra e seu homem,
Quanto tolos são os gestos
Quanto crer... Quanta tolice
Quanta dor provocada
Assim... Tola dor
Tolo o que poda
O que não deveria ser podado
Pois de tola nada tem...
A roseira nada tola.
Casciano Lopes
Se diz amém
Se pede alento
Se mede além
Se nega intento.
Em nome Dele
Se fere alguém
Se exclui querendo
Se ama ninguém
Se deixa o remendo.
Tolo céu...
Tola terra e seu homem,
Quanto tolos são os gestos
Quanto crer... Quanta tolice
Quanta dor provocada
Assim... Tola dor
Tolo o que poda
O que não deveria ser podado
Pois de tola nada tem...
A roseira nada tola.
Casciano Lopes
27.7.11
Comemorativo
Obrigado aos 5000 visitantes e leitores.
Cada qual com sua arte,
Seu jeito de ser,
Seu tempo doado...
Me impulsionou,
Me emocionou...
Fazendo valer o poeta,
A poesia
E o tempo emprestado,
O dedinho de prosa,
A cadeira e o causo,
O blogueiro e o homem.
Casciano Lopes
22.7.11
Intolerância
Por onde anda?
A certeza do amanhã melhor
A alegria pelo dia vindouro
A vontade do passeio na praça.
E a tal liberdade?
De ser e crer diferente
De atingir a plenitude de direitos
De pensar, dizer e fazer por si.
E as conquistas elaboradas nas lutas?
Contra a acepção de pessoas
O ir e vir dos pensamentos
A praça pública tanto quanto um país.
Escondeu-se:
Na vergonha de ser brasileiro?
Ou no orgulho de ser povo?
Pouco a pouco perde-se...
Na amargura das pessoas
Na indiferença do mesmo povo
Na incredulidade dos crédulos
Na infidelidade dos direitos
Na obrigatoriedade da democracia
Na teimosia da irracionalidade
Na fé torta em princípios
Na demagogia hipócrita dos templos
Na brutalidade dos vivos
Na infelicidade do poder público
Na lei arcaica de juízes de juízo duvidoso
Na má conduta da mídia imperialista
Nos desmandos de quem não sabe o que é...
Se bicho ou lixo.
Casciano Lopes
6.7.11
Bis

Me toco como faz um violinista
Ajusto o queixo procurando
Como quem procura as cifras
Num corpo cifrado de acidentes
Solfejo as notas como em busca
Buscando no solo canção nova
De quem no corpo toca solitário.
Me descubro antigo
Tal qual antiga a canção
Tal qual velho o conhecido
Tão surradas são as notas,
Que em meio aos pentagramas
De um colo solfejado nos ais
Calado no cais aplaudem
E os dedos violinistas pedem...
Bis.
Casciano Lopes
5.7.11
Tempo de Carlinhos
Bom tempo
Dure tempo
Eterno tempo
Feliz tempo
Sem tempo
Para agruras
Com tempo
De aventuras.
Casciano Lopes
Dure tempo
Eterno tempo
Feliz tempo
Sem tempo
Para agruras
Com tempo
De aventuras.
Casciano Lopes
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