4.7.22

Papo d'água

O bilhete foi deixado num banco que ficava na calçada de casa.
"Ele tinha poucas linhas escritas", me disse a chuva que lavou aquela tarde.
Não foi fofoca; quando fui varrer um poça do quintal, ela me contou baixinho e quase sem jeito.
Desapontada talvez por molhar uma declaração de 'para sempre', quis também se eternizar em penitência e ralhou comigo por varrer sua longevidade.


Casciano Lopes

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