6.7.22

Tempo oral

Se um dia eu esquecer de mim, das histórias que me fizeram e dos lugares todos que me emprestaram os aromas de suas pessoas, e se eu me desmemoriar dos que visitaram descalços ou calçados meu chão de terra...
Que ainda minhas portas se abram pra visitação, que meus quadros dependurados saibam falar as palavras mais certas, que os tapetes concordem em abrigar os pés cansados e que minha casa feita de tempo ainda sustente num soprano prolongado, o extenso caso da vida, que de tão memorável, vale a pena ser contado, independente da duração de seus eternos segundos.

Casciano Lopes



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