5.3.23

Em órbita

Nas madrugadas, quando o silêncio do mundo é maior que uma caixa de música fechada, maior que um velho piano calado e até maior que um relógio sem ponteiros pra contar a duração de uma nota que outrora tinha instrumento e seu músico...
Eu quebro a ausência de som fazendo um café, salivando o gosto como quem compõe mundos e sentindo nos tímpanos o bailar das coisas em mim; umas caladas que aprendem devagar a cantar baixinho pra não despertar o que dorme na minha calma e outras que gritam aprendem a ouvir o brado do que nunca disse palavra porque não precisava.

Casciano Lopes


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