4.8.10

Conselho

Que iluda-se o tempo que perde-se porque passa
Que confundam-se as nuvens porque muda suas formas
Que refaçam-se as versões das canções benditas
Que preserve-se a divisão de um choro
Respeitando os soluços.
Como a cama esteja pronto para o anoitecer
Como a carta seja lido e que possa ter destino
Como a febre encontre seu anti-térmico, analgésico
Como o herbívoro encontre verde em suas pastagens.
Queira tudo quanto se sinta no direito
Mas lute para fazer valer as vontades de sua saliva
Queira o silêncio quando bem lhe convier
Mas conviva com os gritos, especialmente os seus.
Monte os cavalos indomáveis e descubra
Que indomável é ponto de vista
Corra os castelos e perceba que crocodilos
Não o esperam em todos.
Monta um quebra-cabeças e recomece quantas vezes precisar
Fuja da velhice anunciada e aprenda que a carcaça
Tem a idade de suas idéias e o tamanho de sua coragem
Que a criança pode tudo e independe do tempo.
Esconda-se do conselho de quem não o conhece
E construa você mesmo seus mandamentos
Desrespeitando as regras
Quebre o que tiver que quebrar, se necessário até o ego.
Desmonte os circos e enxergue além das lonas
O picadeiro está lá, nem sempre o palhaço estará
Atrás do riso se esconde a lágrima
Depois da lágrima só você entende, só você pode
Endereçar a carta, seu mundo, seu rosto pintado.
Iluda-se
Mas viva
O domador
Em cada canto só seu.

Casciano Lopes

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