Anseios sussurram
Rasga-se a unhas
Eleva ao inconsciente
A torpe consciência
Dilacera as madeixas
Abranda a brisa
Fervem os cílios
Temperados a sal
Anseios providenciam o leito
Em que navega o rosto
Seus faróis mergulhados
Apagam-se no mar
A ira das vértebras
Quebra ossos valentes
Como corpo desfalecido
Anda pesado o medo
Jura firme a razão
Clama pobre a emoção
Sábio o pensamento
Perde todo dia suas teses
Escreve com a tinta frágil
No papel pálido
Suas memórias tolas
Sua incerteza perece
Ferina a prece
Tece a cura
Cala o grito
E muda o rumo do imutável
Constrói mais um dia
Como constrói-se o sonho
Uma telha por vez
Um sussurro por esforço
Ver a construção do desejado
Enegrecer sob o escaldante
Lembrando que por dentro
Tudo é claro feito alma
Que já grita liberdade
Que já vive o ventre livre
Vive
Sempre vive.
Casciano Lopes
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