15.6.10

O trem



Correu as plataformas como objeto deixado
Assistiu cada trem chegado
Com olhos rápidos conferiu cada assento ocupado
Em frações se sentou em cada vazio
Vago, vagão, vaga cada pensamento saudoso
Lembrou de tudo em cada partida de ferro
Chamegando o esfregão no trilho de correr trem
Salgou as faixas amarelas
Aprendeu o dialeto resmungão dos pombos
Dependurados nos fios de alimentar trem
Visitou cada bilhete jogado
Cada banco requentado
Os olhares do guarda de guardar trem
Os guardados dos achados e perdidos
Ensaiou os anúncios dos horários
Escreveu seus recados em cada canto estacionado
Em cada parada da linha de correr trem
Em cada estação de estacionar trem
Na multidão esfregou o queixo
Nos cangotes suados do horário da tarde
Procurando o seu trem de cheiro
O seu carrilhão de vagões chamegantes
Correu... Correu... Tudo nos dormentes
Ai, que não quer adormecer
Enquanto não encontrar o trilho
O trio de trilhar seu trem caipira
De brinquedo ou não...
Apareça para que desapareça da estação
Já quase um pombo saudoso do caminho de casa
Um perdido solitário.

Casciano Lopes

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