29.2.12

Credo

Eu sou aquele cara...
Que acredita mesmo quando não há evidências,
Quando falta a fé a tantos... Ah eu acredito!
Surreal ou temporal,
Distante do que ata
Ou perto do que amarra,
Desatando os sonhos
Ou carregando os feixes,
Ah eu acredito!
Talvez assim vivendo
E por acreditar tanto,
Ainda levo um coração de crenças,
Dois olhos de piedade,
Duas mãos de poesias
E dois pés na direção
Do ato de todo dia ditar a ata
Da reunião de pensamentos,
Da fusão de tantos sentimentos
Que me fazem de novo acreditar.


Casciano Lopes

28.2.12

Tudo se faz novo

É o novo...
Novo interesse
Nova realidade...


É o novo que me move
Construir para reconstruir
A surpresa da desconstrução
A alegria da alvenaria se erguendo
A justa fé do ferro
A lida do cimento
E a liga do movimento
Tão destrutível quanto inflexível
A licitude das coisas
A permissividade do impossível
E a possibilidade de ser
Épico ou pura ficção
Importando apenas
O que vai na imaginação.


Do amanhã só a certeza
E a falta dessa certeza
Em cada manhã é o que gera vida.


Casciano Lopes

24.2.12

Deficiente...

Deficiência...
É não saber mais abanar as mãos para dizer adeus
É não sorrir quando te molham perto da piscina
É se perder no caminho e não aproveitar para conhecê-lo
É negligenciar um sono esquecido de ir embora.


Deficiência...
É esquecer o riso numa preocupação
E não se preocupar com isso
É se esconder para lamber a calda de chocolate dos dedos
E achar que isso é normal
É se lembrar atrasado de que não deu bom dia ao seu amor
E não ligar... Deixar para amanhã
É achar que um aniversário dispensa abraços mas não presentes
E depois prefere trocar do que doar.

Deficiência...
É ter medo de ser chamado de bobo porque riu sozinho
De louco porque gosta de conversar com os pensamentos
De gay porque sentiu vontade de beijar o rosto do amigo
De infantil porque quis chorar ao prender o dedo na porta.

Isso é deficiência.

O pecado que faz do homem
Um portador de necessidades especiais.

Casciano Lopes


16.2.12

Desde o nascimento

Nos cercam as medidas...
O peso, a métrica
Os miligramas, os cercados
Os tamanhos...
Os...
Crescemos
E nos acompanham
O ideal, o perfeito
O equilíbrio, o permitido
O necessário, o suficiente
O que a 'educação' reconhece...
Envelhecemos...
As mãos só tateiam
Os pés tropeçam
A visão escurece
A memória enfraquece
Ai...
O copo transborda
As calças caem
Os óculos se quebram
E a gente se esquece das medidas
Só ficam...
Certezas...
De que tudo deveria ter sido desmedido
De que acabou rápido demais
Porque talvez perdeu-se muito tempo
Medindo as coisas...


Casciano Lopes

Culpado

E no frasco
Cor de mel
Um  carrasco
Tom de fel.

Pasmo eu
E o astro céu
No rastro
Do perfume réu.

Casciano Lopes

10.2.12

Transparência

Tem dias em que muda de cor
Deixando pálidas minhas paredes
Torturando a incandescente lâmpada
Polindo em brilho minhas pupilas
Marejando em sais as tais
E alucinando em versos o quarto escuro
Parece transparente a sensível ao toque
Vê-se o interior de meu interior
E as ideias já se confundem com ideais
As emocionais com cerebrais
E o suor se junta ao pranto
Joelhos num canto
Implorando e pedindo ao santo
Que cesse..
Ela que detona meus reboques
Dilacera minhas sapatas
E rouba minhas tintas
De maquiar ou esverdear o mundo
De paredes...
Hoje pálidas...
A dor.


Casciano Lopes




9.2.12

Oração de um sertanejo

Pru que? Ora pois...
Me arrespondi criadô
Pru que nóis vivi ansim
Perdidu e jogadu
Di um ladu pu oto...
Num somo dotô
Num somo sinhô
Male má caminhamu
Pru cima da terra
Isquicido e bem duídu
A fome levô as gordura
Só osso deixô Sinhô!
Lata vazia...
Ais vazia di comê enferrujô
Pru que? Me arrespondi...
Fiz tantu fio
Tanta choradera nu uvido
Tantu roçado carpi
Tanta farinha comí
Pru que Sinhô?
Pru que vivo?
Se inté minha roça secô
Minha dona o chão iscondeu
Os fio isqueceu du véio
Acho inté que um é dotô
O soli vem lá das banda do norti
Me arresseca a vista no caminhu
Em quando em vez se alevanta um pueirão
O véio corri carça a bota
Chapé de paia e leite de rosa
Qui nada...
Carrão vai direto potras banda
Divia se oto dotô
Ahhh Sinhô...
Esse véio seu criado tá cansadu
Se pudé e o Sinhô achá que dé
Dá força nos braço na moenda
Pa trabaiá o que sobrô
Cedinho lá nos grão pa vê si vivo
Oto dia ansim como isturdia
Guardi minha famia di longe
E não disampari o caipira de pertu
Amém e inté.


Casciano Lopes

De frente com o tempo

Nas ranhuras de meu tempo,
Esculpidas e bem marcadas
Na face que hoje trago viva,
Tenho todas as histórias...
As vivas, as mortas,
As convalescentes,
E as anestesiadas.
Tenho as lendas e os fatos,
As dívidas e os tributos,
A descrença tão perto do beato,
Ausência tão presa à existência.
Tenho nos sulcos dessas ranhuras
Todas as tempestades,
As intempéries do clima,
O desamor ínfimo dos homens,
A razão sócia da emoção.
Os olhos que emolduram a textura
Já são quase da cor dos cabelos,
E os grisalhos que destoam da mente
Já quase conseguem desbotar o tato.
E as ranhuras...
Essas continuam acumulando nos vincos
Uma certeza...
Desce-se aos vales quanto for necessário,
Há um momento em que a subida só é possível,
Se as raízes forem saudáveis,
Adubadas e bem fincadas nas mesmas ranhuras.


Casciano Lopes

8.2.12

Ciclo da dor

É necessário que a terra sofra
Que a chibanca cave seu solo
Desobstrua sua raízes,
Tem o tempo de seca
Fartura de água
Racionamento
Transbordamento,
Vem o calor do astro
O breu sem lua
E a cheia toda nua
Sofre as dores do parto
Brota frágil e esverdeada
Sua cria mais doída,
Cresce, preocupa a mãe
Terra
Vem os algozes insetos
Pragas e maldições
E ela
A terra
Emana seu potencial
Amamenta, alimenta
Sua obra
Que se enche de espinhos
Afasta a mortalidade
E faz brotar seus botões
Que desabrocham em rubro
Branco, amarelo, carmim
Perfumam o vaso, a casa,
A dama e o roseiral
Enchendo de pétalas seu chão
E de orgulho sua criação
E o recomeço faz o dever
Na terra das cavidades
Rachaduras e inundações
Onde o ciclo se faz novo
Onde primeiro vem a dor
Para depois brotar a flor.


Casciano Lopes



Enxergando a poesia

A poesia é mesmo algo que transcende
toda essência
Quando se senta à beira do caminho
traz quietude
Em cima do telhado não só calmaria
também tempestade
Ora faz alarde feito tambor vazio rolando
ladeira abaixo
Ora traz o sossego do silêncio
embala o sono
Quando ferem a face do descuido ela
estanca o sangrar
Outras vezes arranca gemidos da alva face
que põe-se a chorar
As letras codificadas ou desvestidas são
artimanhas dela
Dizeres, saberes, sentimentos cálidos
profundos ou rasos
Solfeja como um mantra a cascata
melodiosa das águas
Como também nas cascatas: a mentira e balela
disfarça seu mal
Empresta a palavra o direito de ir, muitas vezes perdendo o
de vir
Se senta nas linhas sua forma regrada
encontra quem gosta
Se foge dos espaços e deforma seu traço também alivia 
o peso da gente
A poesia, esta senhora elegante...
Que tanto serve aos iguais quanto aos
deselegantes
Que amaldiçoa e abençoa em fração
de versos
Ilumina elevando 
a lamparina
 outras vezes faz-se negro
escondendo a vela
Ah poesia...
Se não fosses tu
Caprichosa e delicada
Talvez naquele inverno
Não tivesse trazido
E eu conhecido
Na porta de um bar
O grande amor de minha vida
Hoje a razão de minhas letras
Meus dizeres múltiplos
Com várias interpretações
Para mais de mil leitores
De mil leituras
Mas...
Com uma única intenção
A do poeta
A do amor
A da poesia.

Casciano Lopes

5.2.12

Desnudo amor

O amor
É uma moça deitada
Nua toda sua nudez
No ímpeto de seu seio
Desejo em riste.
O amor
É um termômetro
Abastecido por madeira
Abraseada de fornalha
Ponteiro elevado.
O amor
É a travessia do cego
No banir das ondas
Lavando a cintura
Curando o tato.
O amor
É o cheiro suado
Bandido, molhado
Sobre o corpo
Daquela moça nua.


Casciano Lopes

2.2.12

Branco anil

Meu Brasil varonil
É como os varais
Em branco anil
Dos meus ideais.


Azul celeste da veste
Que despe e veste varais
Farpados em agreste
Em fundos de quintais.


Verde grama e animais
Na sombra do cipreste
Atrás de seus umbrais
Quarando em chão nordeste.


De brancura e inconteste
Esvoaçando aos litorais
Gotejando em sudoeste
Ensolarada em noroeste.


Todas claras nos varais
As cores da terra silvestre
Semeadas em pedregais
Ou brotadas do rupestre.


Casciano Lopes

Certeza de quê?

O que é certo?
Certo é descer o que se empurra na ladeira
O que não é ladeira depende de nível
Se sobe ou desce
Se inclina à direita ou esquerda
Só a inclinação dirá
A olho nu tudo fica fácil
Difícil é o que se esconde
O que se mete sob a superfície
Gosto do que é nu
Palpável na certeza dos olhos.
Há dias que fico incerto
Me perco em incertezas olhando o chão
Sem nível na mão
Procurando as medidas da inclinação
O colorido furta cor
Embaralha as certezas
Como em mãos de mágico as cartas.
A palavra que desce tesa é a certeza
Busco meu nível e não encontro
Não há outra saída
A não ser mais uma vez ser desmedido
Um cheio de incertezas
E assim sendo
Enquanto houver vida
Sentirei nos calcanhares
Os declives e aclives desse chão
Tão cheio de certezas
Nas incertezas das mãos sem nível.

Casciano Lopes

Nascido em choro

Eu chorei,
Porque nasci livre do ventre enquanto tantos não.
Pelos não nascidos, frágeis e desnutridos.
Pelos órfãos deixados para trás do crime.
Pela fome itinerante dos retirantes.
Chorei,
Por ver um bicho na cidade revolvendo uma lixeira,
Me aproximei e como eu, o bicho era humano.
Porque um amor quis morrer ao meu lado.
Por um amigo que adoeceu distante de meus braços.
Chorei,
Por ver sofrer minha deusa, minha mãe.
Pelos leitos acamados os sem destinos planejados.
Pela morte de um ídolo, 'minha Cássia'.
Por um garoto de 17 anos que foi embora cedo demais.
Chorei,
Porque no meu bolso não tinha nada, enquanto
Numa mão miúda um pão bolorento enchia-lhe os olhos.
Porque uma paixão me iludiu e logo sumiu.
Porque um anjo acudiu meu pai quando este caiu.
Chorei,
Pois vi um pai cortado e revivido pelas mãos de santos.
Por ver uma menina amada se entregar ao acaso e sofrer
E depois ver a menina ser reconstruída e virar mulher.
Por ver nascer quatro botões em meu jardim, são meus.


Enfim,
Chorei, chorei, chorei...
Descobri que o choro aduba o sorriso vindouro.
Que para sempre é somente o que a vista enxerga.
Que é na lágrima que a humanidade guarda seu bem precioso.
Meus amigos, amores, bem querer e meu mundo de gente,
Precisam de meu choro, meu precioso, meu mundo melhor.


Casciano Lopes

26.1.12

Preito

A fera que descansa em meu peito
É a mesma que fere meu jeito
Contorce sem cura a febre de leito
Amortece em jura o ai do mal feito...


Eu aqui sujeito
Imperfeito
Da agrura eleito
A despeito
Respeito
Satisfeito
A fissura
E a tristura
Sem perder a mesura
De fazer proveito
De todo defeito.


Casciano Lopes

16.1.12

Manto uno

Muito tênue...
A linha que divide um país
A fenda que parte uma ilha
A rachadura que desloca um bloco
O tremor que racha um continente
O temor que separa culturas.
O mesmo sentido de vida...
Pulsado em cada canto de olhar
Que morre largado ou abrigado
Como vive cercado ou alagado
Que chora da mesma forma amada
Como sorri com beleza espalmada
A mesma junção de instrumentos...
Aborígenes
Índios
Esquimós
Beduínos
Negros
Brancos
Incas de seus Maias com seus Astecas
Uma África com suas índias americanas
Tão latina quanto européia suas asiáticas.
Tão sul quanto norte seu centro oeste
Latitudes e longitudes com seus trópicos
Hemisférios com seus polos em sementes
Seus rios em pólen e suas colmeias em línguas
Tão raça quanto humano no pulsar
De oceanos verdes, azuis turvados
Do mesmo sentir, da mesma forma de navegar,
Quebrando ondas na costa, nas pedras,
Nas areias do mesmo mundo
Do mesmo sentido da poesia
Na construção da pele única como um manto
Enxergando belo com a beleza dos retalhos.


Casciano Lopes

13.1.12

Brasil sem herança

Não reconheci sua etnia
Não ouvi a sua língua
Não vi seu mundo
Não passei por sua oca.


Sem o verde das matas
Sem lenha ou tora
Sem fogo, sem barro
Sem seios ou rituais.


Sem face ou tintas
Sem caça e música
Sem meninos na cintura
Sem mitos e "Deuses".


Sentada, bem ali, na passagem do "cidadão civilizado", numa rua qualquer do bairro da Lapa, da grande cidade que recebe o nome de São Paulo, estava ela: uma linda índia, pele de índia, cor de índia, de cócoras como uma índia, os traços eram indígenas.

Só não era de índia: a roupa maltrapilha que usava, o chão de concreto que pisava. Não era de índia: os brancos que a ignoravam. Não era indígena: a vergonha do país, as poucas moedas que estavam ali numa vasilha substituindo os típicos pratos feitos de cócoras lá na aldeia.
Não era indígena!

Não era coisa de índio...
Sem arco e flecha...
Sem cacique...
Sem água doce...
Era coisa de Brasil!

Um país sem herança...
Sem cores...
Sem memória...
Sem vermelho na terra...
Coisas de Brasil.

Casciano Lopes




Em meados de janeiro deste ano [2012] recebi, por e-mail, um convite do jornalista romeno DANIEL DRAGOMIRESCU para seguir o blog de uma revista multicultural  (CONTEMPORARY LITERARY HORIZON  [Horizonte Literário Contemporâneo] Official media partner of MTTLC, University of Bucharest) que reúne escritores de todo o mundo, apaixonados pela cultura contemporânea. A HLC é uma revista independente e publicada em quatro idiomas, Romeno, Inglês, Espanhol e Português e conta com o apoio da Universidade de Bucarest.
Na mesma ocasião, Daniel, o editor chefe da revista, solicitou que eu contribuísse com um trabalho para a revista. Enviei o poema [Brasil sem herança] que transcrevo abaixo e que fala de uma faceta da nossa cultura onde vemos elementos e personagens étnicos deslocados e desvalorizados em nosso meio, especialmente o urbano que devora o natural. Esse poema foi publicado no número 1 (27)/2012 da HLC em português e romeno.
Na revista on line é possível conhecer o trabalho de outros poetas e escritores brasileiros como: Oziella Inocêncio (jornalista e colaboradora da revista, de Campina Grande), Vogaluz Miranda (de São Paulo), entre outros. Para quem quiser conhecer e prestigiar o bonito trabalho desenvolvido pela equipe da HLC basta acessar http://contemporaryhorizon.blogspot.com. Vale a pena.

12.1.12

O sonho de meu medo

Minha vida toda
Meus embaixos
Meus baixos
Meu tempo de sul.
Nem sei se quero
Ir para o norte
O sul tem raízes
O que se avista.


Tanto medo
Quanto saudade
Sonho quanto insônia.
Leio o que toca as mãos
O que perdeu-se da pele.
Gosto de meu sul
Mas sinto falta...
De meu pulso.


Casciano Lopes

Seguindo as regras

Canso de gentilezas com o desconhecido,
Abraço e beijo o tal conhecido,
Mas me interroga a natureza.
Tão descabida se torna a franqueza,
Meu rosto sorri ante o povo que construí
Impeço em súplicas mais um momento,
E ele acontece, por cima de minhas vontades,
Como se rolasse em compressor a minha procura,
Me fazendo humor da tortura,
Arranhando a alma que pede fim ou recomeço.
Me agonia o bem fingido,
Fico mal com o não resolvido,
E o filme rola as cenas,
Aos de minhas poltronas gastas.
Me acordam os pesadelos da fama,
Machuca a ânsia de viver cada personagem,
E me sinto dirigido pelo que desacredito,
Sou câmera e volante do destino pastelão,
Sou o peixe engasgado do anzol,
Da linha o cerol,
Da pipa cortada o voo cego plainando,
Sobre árvores desconhecidas,
Se nelas me enrosco, morro só...
Se a deriva vou no vento, morro fisgado.

Casciano Lopes

11.1.12

Complexo ato

É como tango latejando em meus compassos
Me fazendo imaginar o indizível da dança...
Aquela elegância gesticulada
Os corpos geminados
Sem se quer ter ensaiado um passo
Sem ter pousado em Buenos Aires
E de Gardel apenas canções ouvidas
Em vitrolas distantes.
É o espetáculo encenado em teatros jamais vistos
Tablados montados em salas da ficção
O espaço cultural da arte imaginária
De um cérebro desprovido de ócio
Toque melodioso, com dedos e sem piano
O vago, o misterioso.
É a imagem que se forma, que se vai
Aquela que acorda e desperta
O ser em movimento repousado
Transloca e desloca o órgão
Levado de toque em toque
Sensação fria de ardor fugaz
Temor que cai, corta e sai.
Viagem por castelos e Europa
Medievais, bosques, expressão de séculos
Em gemidos de arquitetura
Talhada, pintada de ilusão
Realidade difusa, confusa, lambuza as mãos
Molha, salga e adocica, amarga o êxtase
A solidão...
Visível na pele rachada
Tachada de eu
Conjugada na primeira pessoa do tempo rasgado
Do complexo comigo.


Casciano Lopes