Avança a noite, adentro do breu de lamparina. Distante, os atabaques anunciam que a saia da negra começa seu giro, que Birimba inda jovem toca berimbau.
As matas são cortadas por meninos de branco, os tocos se ascendem em chama no quintal, as bananeiras balançam-se no surdo do vento, o ronco dos pés, no batido do chão dão o tom.
A roda formada reverencia a raça, a cantoria de garganta afinada no chicote, ilumina a pele. O coro formado, acompanha o batido do couro, bate na noite e na mão conta o tempo, canta história. Gritam negros na madrugada, hora de fazer liberdade. No desce e sobe dessas horas em que ancestrais sonharam, não dorme o choro que vive em alegria, vive na roda, na folia, na música, no seio das matas e cidades, vive na alta e na baixa, na graça e riso de qualquer instrumento, liberdade dos fortes, estampada no branco da roupa e no tinto da pele, vivem negando ou afirmando seus ais, buscando o que buscaram seus pais.
Casciano Lopes
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