8.12.11

Cheiro de fumo

Vi meu avô...
Sentado na lembrança do alpendre
De uma casa suspensa amadeirada
De assoalhos envernizados
Com brilho de escovão.
Descascava um rolo de fumo
Como saboreando um gosto
Mastigando pensamentos
Cuspia dos dias desgosto.
Canivete de níquel fino
Todo prosa preparava
A palha como se fizesse
Um plantio de milharal.
Voltei ao meu quintal despertado
Como pelo alarde do som da matraca
Plantadeira velha dependurada
Como meu avô, por ora calada.


Casciano Lopes

Um comentário:

  1. Poeta Casciano, você tem o "dom" inexplicável de nos levar, através de seus escritos, à lembranças de um tempo no qual voce nem sonhava ter nascido. Acabo de reviver uma cena onde meu Vovô Chiquinho fazia exatamente isso acrescentando apenas sua "cheiradinha no rapé" que trazia num ratinho esculpido delicadamente na ponta de um chifre de boi. Obrigado por mais esse momento!

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